quinta-feira, 25 de novembro de 2010

MoDeRnA PaRa SeMpRe - Visita ao Centro de Arte Contemporânea e Fotografia

A mostra Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira está exposta na Coleção Itaú, que ocupa o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, da Fundação Clóvis Salgado. Ela foi pensada para dar visibilidade nacional à vertente fotográfica do acervo e seguirá para outras capitais do país. São obras de artistas percussores da fotografia modernista, dentre eles: Chico Albuquerque, Thomaz Farkas, Paulo Pires, Marcel Giró, José Yalenti, José Oitica filho, Gertrudes E. G. Schroeder, Georges Radó, Dalmo Teixeira, dentre outros. A maioria dos autores da mostra são de origem européia, muitos deles refugiados políticos que encontraram no Brasil uma certa esperança no futuro e a representaram em suas obras. Os trabalhos destes artistas começaram pictorialistas, imitando os padrões da pintura do século XIX. Com o desenvolvimento e crescimento econômico do país, desembocaram no celeiro da fotografia moderna brasileira, a chamada Escola Paulista.

No museu estão expostas algumas das obras, replicadas em um material “plástico”, como se fosse um material liquefeito que é moldado e quando seca toma a forma que se deseja. Essas obras são destinadas às pessoas com deficiência visual, elas podem “sentir” os trabalhos. Elas ficam mais no começo da exposição, desse modo temos contato com algumas obras ainda não vistas, o que é muito interessante pois depois as fotografias nos causam uma impressão diferente, como se fossem feitas a partir dos moldes e não o contrário. Toquei todas elas e tentei abstrair algo além do que a imagem do molde me passava, confesso que para mim, acostumada com as imagens vistas, é muito difícil perceber somente pelo tato. Uma excelente oportunidade para os deficientes visuais conhecerem os cálice retratados por José Oiticia Filho, as nuvens de José Yalenti ou as formas de Eduardo Salvatore, entre outras obras.

As duas imagens recentemente adquiridas pela coleção, Reflexo e Ovaladas – ambas produzidas em 1950 por Yalenti – são apontadas pelos especialistas como exemplos que demonstram porque ele é reconhecido mestre do contraluz e da geometrização de motivos. Entre as 21 obras deste fotógrafo presentes na mostra, vale destacar, ainda,Miragem e Paralelas e Diagonais, por meio das quais o espectador se depara com formas inusitadas, migrando o tempo todo de uma intenção abstracionista a um surrealismo inesperado.

A variedade de temáticas é incrível, objetos do cotidiano, pessoas em lugares e posições inusitados, homens trabalhando em andaimes, obras arquitetônica retratadas na sutilezas dos detalhes, flores, esqueleto de algum animal, taças e vários outros dos quais não me recordo. Também é incrível a variedade de efeitos nas imagens, todos os trabalhos são em preto e branco. Modificação na imagem como duplicação, sobreposição de fotos, trabalhos com luzes e sombras, entre outros malabarismos criativos que o quarto escura possibilita, agregam as imagens um caráter tridimensional e de certa forma mágico.



Geraldo de Barros

Lâmpada Mágica 1950 foto: Chakib Jabour

 Foto Geraldo de Barros. Auto-retrato, 1949


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