terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Arch Origamic Jumbo"

Os primeiros projetos construídos foram o Arch Origamic Jumbo Orange, na Kobe Village Art Center em Hyogo, que é um complexo cultural e Arch Origamic Jumbo White, em Jacarta na Indonésia e Pescara na Itália. Desde 2005, a tenda foi construída e exposta em vários concursos de arte, como "CP Bienal 2005 Pescara" ou "Les Matadouros des Transculturelles Casablanca." E ainda exposto na 27ª Bienal de São Paulo, em 2006. O projeto é criação do Atelier Bow-Wow, fundado em 1992, pelos arquitetos Yoshiharu Tsukamoto e Kaijima Momoyo.
O papel é muito comum no Japão e usado de diversas maneiras, como o bambu por exemplo, sua utilização interage com a preferência japonesa pelo uso de materiais naturais nas moradias. A fabricação é simples, um grupo grande de pessoas pode fazer, sem utilizar grandes ferramentas e tecnologias, somente é necessário conhecer as técnicas do origami. Os arquitetos criadores do projeto, não se preocupam com a ornamentação, em formas muito elaboradas ou alta tecnologia, se preocupam mais com a estrutura, materiais simples, criando novidades e explorando a reelaboração do que já existe.
O Origami Arch Jumbo é constituído de papel, portanto maleável, que permite ser moldado com facilidade. São grandes tiras dobradas segundo a técnica de origami Miura, dobragem rígida que tem sido usada para levar para o espaço, grandes painéis de dobraduras. O objeto, sob o aspecto plástico, constitui uma espécie de túnel circular. O arco é feito de tiras de papel, dobráveis.
O pavilhão pode servir como abrigo, muito útil em ocasiões pós-catástrofes naturais, frequentes no Japão. Crianças, mulheres e idosos podem fazer o arco com tranqüilidade. Apesar de ser leve, o material é revestido e impermeável.  





Protestos...


Raffo
Cansado da sujeira que rola solta pela sua cidade, o artista italiano Raffo criou um trabalho polêmico, por aqueles lados do mundo. Ele expôs o seu último trabalho, a Mona Lisa com sacos de lixo, em Nápoles, Itália. A obra foi criada para chamar a atenção para os problemas de lixo que existem por lá.
Intervenção  Alexandre Orion
Outro exemplo similar, no Brasil, é a intervenção do artista plástico Alexandre Orion, que na madrugada do dia 13 de julho de 2006, começou uma intervenção no túnel que liga a Av. Europa e a Cidade Jardim em São Paulo. Durante dias a intervenção ocorreu por processo de subtração, limpando a fuligem produzida pelos carros que se deposita nas paredes do túnel e produzindo imagens de crânios humanos, nas partes limpas. As imagens nascem da fuligem que fica dando visibilidade a poluição que mata. Há dez anos o artista plástico e designer semeia suas obras de arte nas paredes abandonadas da cidade, nos lugares em que podem serem vistas, são vistas num lampejo.
Durante as madrugadas em que trabalhou na “limpeza” do túnel, foram várias abordagens policiais. Entretanto, não havia crime, ele trabalhava muitos pedaços de pano e máscaras para se proteger, o crime era ambiental: poluição pra ninguém botar defeito. Contudo, o estado não deixou barato, e a maneira de impedir a “limpeza de Orion era limpando.
A intervenção tinha alcançado 160 metros quando a prefeitura fez a limpeza, somente na área dos desenhos, o restante do túnel ficou sujo, o que o artista não esperava. Como a máteria-prima ainda estava lá, ele voltou a provocação no dia 13 de agosto e alcançou, depois de algumas madrugadas 120 metros. A equipe da prefeitura acompanhada da Polícia Militar apareceu para efetuar a limpeza de todo o túnel.
A partir daí, todos os túneis da cidade foram limpos, mas em quatro meses tudo estava sujo de novo. “Melhor do que limpar seria pararmos de poluir”. - Frase de Alexandre Orion (artista plástico).










Qual o limite da perspectiva?

 A perspectiva, de forma simplificada, é a representação, no papel, de um determinado ângulo e/ ou local captado por um observador. Essa reprodução pode variar de acordo com cada observador e com a impressão que cada um tem da imagem, acredito que cada desenhista seja ele profissional, ou não, transfere à sua obra um pouco de sua impressão e até mesmo do sentimento ou inquietação que aquilo lhe causou. Além disso, as ditas “paisagens” possuem interação com o ambiente, com os acontecimentos em geral, com o clima e porque não dizer com os usuários e partindo desse pressuposto pode-se dizer que cada local, seja ambiente, fachada, o enquadramento de uma parede ou um objeto por inteiro pode variar sua impressão visual de acordo com o contexto em que está inserido. Pode-se dizer então, que o limite da perspectiva seria captar e transpor no papel outras informações além das quais possuímos num determinado ponto de observador.

O "Macaco gordo"

A Conferência de design Pixel Show é o primeiro evento brasileiro do gênero, focado em criatividade, além da tecnologia. O evento é organizado anualmente pela editora Zupi e marca uma trajetória de sucesso no Brasil, crescendo desde outubro de 2005. Em um circuito de palestras apresentando cases e portfólios de renomados artistas brasileiros, o Pixel Show visa discutir temas atuais sobre a arte moderna e o mercado de trabalho, inspirando e motivando jovens (e experientes) profissionais.
No embalo do evento, realizado em abril de 2010, uma coisa “grande” chamou a atenção do mundo todo. Foi a obra gigante, na paulista, do artista holandês Florentjin Hofman, ele trabalhou por 1 semana em uma obra chamada “Fat Monkey” (Macaco gordo). O resultado foi um macaco inflável, de aproximadamente 14 metros, que ficou exposto no parque Mário Covas. Vejam que legal a obra. Coberto por 6 mil pares de chinelos, fazendo uma alusão aos pixels e garantindo um efeito bem divertido a obra de arte, o macaco foi inflado e ficou exposto no mês de outubro. Hofman, conhecido por grandes intervenções urbanas pelo mundo e obras de artes efêmeras, foi convidado pela Opanka, marca patrocinadora do evento, para vir ao Brasil. 
Durante a palestra Florentjin falou sobre o working in progess e explicou que a ideia deste trabalho tem a ver com um brinquedo de seu filho. A criança durante a noite não consegue dormir sem o macaco, mas ao despertar nem liga para ele.










Ron Arad – o design made in Israel

Nasceu em Israel em 1951, estudou Design em Jerusalém e Arquitetura em Londres e hoje é um dos designers mais renomados do mundo.

Arad também desenhou as linhas limpas e sinuosas da embalagem do perfume Kenzo.

Fundou a One Off em 1981, e em 1989 a Ron Arad Associates Arquitecture and Design Practices, que acabou absorvendo a One Off alguns anos depois.

Esta chaise mostra a simplicidade e beleza de seu trabalho.

Tom Vac, uma cadeira de plástico. E sempre as curvas e linhas suaves.

Clover chair, precisa falar mais alguma coisa?


Esta luminária, a Lolita, já esteve exposta no MoMa e recebe mensagens por SMS, que acendem os leds, rodeados de cristais.

A prateleira se chama Bookworm, ela é flexível e faz o desenho que você quiser.

A delicadeza e simplicidade são únicas, e ele é assimétrico, com um lado mais alto que o outro, bem acima da cabeça. Da coleção Victoria and Albert.

O disco branco que envolve o chuveiro gira livremente, e um dos lados você pode usar como banheira.

Disse que me disse: Museus – arte também por fora

O recém-inaugurado MAXXI – Museu Nacional das Artes do século 21, em Roma, é um projeto de Zaha Hadid, arquiteta iraquiana identificada com a corrente desconstrutivista da arquitetura. Segundo a crítica internacional, a escolha de uma obra tão cara e de difícil execução certamente se baseou no desejo de rejuvenescer a cidade. Entretanto, é aos romanos da antiguidade que deve-se a invenção do "betão", conhecido no Brasil como concreto protendido, revolucionaram a arquitetura do mundo antigo. Primeiramente descobriram que, juntando à mistura a areia vulcânica do Vesúvio, o betão ficava tão duro e aguentava todo o tipo de esforço e condições. Com o "betão" a arquitetura deixou de ser um jogo formal para se tornar o uso da modelação do espaço. As formas sinuosas e arrojadas do edifício são possíveis apenas devido à utilização do mesmo material.
 
O edifício possui quilômetros de galerias e suas formas de concreto parecem se contorcer umas sobre as outras. O novo museu ocupa um terreno onde ficavam alojamentos militares, a cerca de 20 minutos do centro histórico. De acordo com a arquiteta, a idéia foi manter o contexto urbano dos alojamentos, compondo um edifício baixo que contrasta com os edifícios residenciais mais altos do entorno, construídos no início do século 20. O projeto proporcionou permeabilidades ao edifício, que tem vários acessos e transparências. Até uma passagem fechada por cerca de 100 anos pôde ser reaberta graças às linhas da construção, que se adaptam ao lote. Assim, com seu formato em L, o prédio cumpre outra função planejada pelos arquitetos: se torna um articulador urbano.

Internamente a obra se mostra mais complexa. Planejado para abrigar um centro de artes e um de arquitetura, o museu é formado por dois edifícios que se cruzam, não há espaços compartimentados, a circulação é contínua . A arquiteta aponta a necessidade de a arquitetura desafiar a "neutralidade" dos museus e de dar continuidade a "sua relação crítica com a sociedade e a estética". Com isso ela impõe um grande desafio aos curadores, que terão de trabalhar com a flexibilidade de divisórias suspensas do forro, propostas por Hadid, e a ausência de paredes convencionais onde perdurar suas telas. A arquiteta argumenta que seu projeto permite alterar dimensões e a geometria dos espaços de acordo com as necessidades. Segundo sua autora, o objetivo é também oferecer um dado contemporâneo às camadas históricas sobre as quais Roma está associada.

Outro museu recentemente criado para valorizar as exposições de arte, é a obra do arquiteto israelense Ron Arad, o trabalho representa a primeira grande obra de Arad, reconhecido por objetos na área de design.
Museu Holon
Propondo um diálogo entre o edifício e seus visitantes, o edifício é envolvido por enormes tiras de aço, com curvas atraentes, tratadas com um acelerador de corrasão química para definir diferentes tonalidades no aço provindas do processo químico. Com 3.700 m² de área construída, na realidade, o prédio distribui-se em dois, a obra não foi pensada para abrigar uma coleção no sentido clássico. Em seu programa, além de 750 m² de galerias, estão incluídos um laboratório de design e uma coleção de arquivos.

“Procurei criar uma hierarquia de espaços ao ar livre, mas é importante destacar que as enormes faixas que se projetam para o céu não são só bonitas, elas são estrutura", diz Arad. Assim como a obra de Zaha Hadid, o enfoque não serão exatamente as obras apresentadas, nem ao menos sua apresentação pré-disposta que poderá variar, de acordo com as possibilidades de layout, que as construções apresentam. Nelas, os próprios museus se transformam em arte.
fontes:
http://www.fondazionemaxxi.it/

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Filme “O País de São Saruê”, Vladimir Carvalho

O filme “O País de São Saruê” retrata a vida de vaqueiros, lavradores, garimpeiros e outros moradores do nordeste brasileiro, filmado em preto-e-branco e realizado no fim da década de 1960.
O documentário é iniciado com a dura jornada de trabalho dos homens na terra e com as miseráveis em que vivem, relata os danos causados pela seca e exploração do povo.Em um segundo enfoque trata a agricultura da região, onde as terras eram arrendadas para o agricultor que deveria dividir a metade dos lucros com os proprietários. Eles portanto, viviam presos à terra porque o que ganhavam não era suficiente para saldar suas dívidas.

A população da região paraibana, do Rio do Peixe, é uma população sofrida, mas em contrapartida, forte e determinada a garantir sua sobrevivência. E o documentário relata isso com clareza de detalhes e exemplos.

No filme é dado grande destaque às entrevistas com habitantes da região, como o ex-lavrador que consegui torna-se um empresário bem sucedido e com o voluntário da paz americano, dividido entre a guerra que seu país enfrentava no Vietnã e a situação de descaso com o povo nordestino. Além, dos senhores idosos que lamentavam a decadência do garimpo na região, que outrora trouxe riquezas para muitos e no momento estava estagnado, já que não obtinham licença para explorá-lo.

Contudo, pode-se perceber que o problema do nordestino não é somente o clima. Isto é, a seca é um agravante, pois prejudica a subsistência, em geral, as enchentes também, pois trazem inúmeros prejuízos. Mas o problema maior, que o documentário quer evidenciar, é a má distribuição de renda e recursos, faltam meios para dar condições para que eles vivam dignamente e não dependam de ajuda voluntária.

Carvalho não retrata suas personagens como vítimas, mas como homens e mulheres corajosos, que vivem nas mais precárias condições e enfrentam as dificuldades que lhes são impostas. É um filme-denuncia, um registro histórico que valoriza esforço daqueles que eram e ainda são prejudicados pela miséria.

MoDeRnA PaRa SeMpRe - Visita ao Centro de Arte Contemporânea e Fotografia

A mostra Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira está exposta na Coleção Itaú, que ocupa o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, da Fundação Clóvis Salgado. Ela foi pensada para dar visibilidade nacional à vertente fotográfica do acervo e seguirá para outras capitais do país. São obras de artistas percussores da fotografia modernista, dentre eles: Chico Albuquerque, Thomaz Farkas, Paulo Pires, Marcel Giró, José Yalenti, José Oitica filho, Gertrudes E. G. Schroeder, Georges Radó, Dalmo Teixeira, dentre outros. A maioria dos autores da mostra são de origem européia, muitos deles refugiados políticos que encontraram no Brasil uma certa esperança no futuro e a representaram em suas obras. Os trabalhos destes artistas começaram pictorialistas, imitando os padrões da pintura do século XIX. Com o desenvolvimento e crescimento econômico do país, desembocaram no celeiro da fotografia moderna brasileira, a chamada Escola Paulista.

No museu estão expostas algumas das obras, replicadas em um material “plástico”, como se fosse um material liquefeito que é moldado e quando seca toma a forma que se deseja. Essas obras são destinadas às pessoas com deficiência visual, elas podem “sentir” os trabalhos. Elas ficam mais no começo da exposição, desse modo temos contato com algumas obras ainda não vistas, o que é muito interessante pois depois as fotografias nos causam uma impressão diferente, como se fossem feitas a partir dos moldes e não o contrário. Toquei todas elas e tentei abstrair algo além do que a imagem do molde me passava, confesso que para mim, acostumada com as imagens vistas, é muito difícil perceber somente pelo tato. Uma excelente oportunidade para os deficientes visuais conhecerem os cálice retratados por José Oiticia Filho, as nuvens de José Yalenti ou as formas de Eduardo Salvatore, entre outras obras.

As duas imagens recentemente adquiridas pela coleção, Reflexo e Ovaladas – ambas produzidas em 1950 por Yalenti – são apontadas pelos especialistas como exemplos que demonstram porque ele é reconhecido mestre do contraluz e da geometrização de motivos. Entre as 21 obras deste fotógrafo presentes na mostra, vale destacar, ainda,Miragem e Paralelas e Diagonais, por meio das quais o espectador se depara com formas inusitadas, migrando o tempo todo de uma intenção abstracionista a um surrealismo inesperado.

A variedade de temáticas é incrível, objetos do cotidiano, pessoas em lugares e posições inusitados, homens trabalhando em andaimes, obras arquitetônica retratadas na sutilezas dos detalhes, flores, esqueleto de algum animal, taças e vários outros dos quais não me recordo. Também é incrível a variedade de efeitos nas imagens, todos os trabalhos são em preto e branco. Modificação na imagem como duplicação, sobreposição de fotos, trabalhos com luzes e sombras, entre outros malabarismos criativos que o quarto escura possibilita, agregam as imagens um caráter tridimensional e de certa forma mágico.



Geraldo de Barros

Lâmpada Mágica 1950 foto: Chakib Jabour

 Foto Geraldo de Barros. Auto-retrato, 1949


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Disse que me disse: Complexo Arquitetônico de Lazer da Pampulha

 A cidade de Belo Horizonte vivia, já nos anos 30, do século XX, um momento crítico em relação ao abastecimento de água, devido à expansão dos bairros periféricos e ao aumento populacional. Otacílio Negrão de Lima, então prefeito de Belo Horizonte, observando a mataria e o córrego da Pampulha, vislumbrou a possibilidade de ali implantar uma lagoa artificial. O plano de urbanização da Pampulha com a criação da represa, anunciada pelo prefeito em outubro de 1935, reforçaria o abastecimento de água na cidade. Este plano foi então encomendado ao engenheiro Henrique de Novais, vale ressaltar que nenhum cuidado com a preservação dos mananciais foi tomada e posteriormente, o córrego alimentador da represa foi ocupado sem nenhum critério, transformando-se em esgoto a céu aberto.

A Barragem, inaugurada em 1938, acabou se transformando em uma obra de grande vulto, e constituía-se em uma faixa de concreto armado em plano inclinado, que serviria para sustentar o peso das águas represadas. Para a estação de tratamento de água, apresentaram-se grandes inovações, foi construída de modo que seria totalmente movida mecanicamente e aparelhada com o que havia de mais moderno. A estação foi desativada em 1979 e a represa passou a operar como reservatório de amortecimento de pico de cheia das bacias da região.

Em abril de 1940, Juscelino Kubitschek substitui Otacílio Negrão de Lima, ele então discursou a favor da necessidade de construir uma cidade mais moderna. Inicialmente convidou o arquiteto francês, Alfred Agache, que havia feito o plano urbanístico do Rio de Janeiro, para conhecer a Pampulha e sugerir um plano para o local. Agache aconselhou que ali se fizesse uma área de produtos hortifrutigrangeiros. Decepcionado com tal sugestão, ele toma então, a decisão de organizar um concurso, que não deu muito certo, então, Rodrigo de Melo Franco de Andrade, diretor do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em uma visita a Belo Horizonte, apresentou a Juscelino o jovem arquiteto carioca Oscar Niemeyer, que demonstrou uma fina sintonia com essas idéias de Juscelino.

De forma pioneira, o arquiteto pôde explorar nos projetos para o Conjunto da Pampulha, inaugurado em 1943, as diversas soluções oferecidas pelo concreto armado, apontando novos rumos para a arquitetura moderna, então produzida sob a influência do racionalismo funcionalista.

O encontro de Juscelino com Niemeyer, deu início a uma parceria que colocaria em prática, as idéias de modernização do prefeito, com a inovação do arquiteto. O Complexo Arquitetônico de Lazer da Pampulha se concretizou com a criação do clube náutico – Iate Golfe Clube – que previa uma sede na orla, hoje o Iate Tênis Clube e outra que seria a parte do golfe, onde se localiza atualmente a fundação Zôo-Botânica, o Cassino – hoje Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile e a Igreja de São Francisco de Assis que foram projetados para serem implantados às margens do lago. Além das quatro obras, Niemeyer projetou um hotel que nunca chegou a ser construído e uma residência de fim de semana para o prefeito. Era, de certa forma, uma maneira de atrair famílias para ocuparem o loteamento residencial no entorno da represa, segundo o modelo de bairros-jardins.

Estes projetos foram citados como o “grande entusiasmo” da geração da década de 1940. E eles contaram também com a contribuição de obras realizadas por talentosos artistas, tais como: painéis de Portinari, jardins de Burle Marx, escultura de João Ceschiatti, mosaico de Paulo Werneck, dentre outros, constituindo-se numa verdadeira “síntese das artes”.

O reconhecimento da importância deste conjunto como símbolo relevante da história do movimento moderno brasileiro, bem como fator significativo da identidade de Belo Horizonte, determinou o seu tombamento como patrimônio cultural em nível federal, estadual e municipal. Além do valioso acervo arquitetônico original, o Complexo da Pampulha abrange, atualmente, diversos espaços para o desenvolvimento do lazer e do turismo na capital mineira.

Disse que me disse: A Casa do Baile

A intenção de Oscar Niemeyer e de Roberto Burle Marx ao executarem respectivamente o projeto original e o paisagismo da Casa do Baile, era obter uma integração total com o ambiente da lagoa. Niemeyer afirma ter sido o projeto com o qual ele se ocupou das curvas (sua marca registrada) com mais desenvoltura. "Eu fiz a marquise da Casa do Baile em curva, que às vezes explicava, dizendo para melhor me fazer entendido, que elas seguiam as curvas da ilha, mas na verdade era o elemento plástico da curva que me interessava".
A planta se desenvolve a partir de duas circunferências que se tangenciam internamente. Delas desprende-se uma marquise sinuosa, bem ao gosto barroco, que provoca o olhar e dialoga com as curvas das margens da represa. Essa marquise é suportada por colunas e termina em outro pequeno volume. À frente desse volume, há um pequeno palco circular cercado por um lago. O projeto estrutural é de autoria do engenheiro Albino Froufe.
Inaugurada em a Casa do Baile foi projetada com a finalidade de se criar na Pampulha um espaço de diversão popular e funcionou durante três anos como salão dançante, comportando um restaurante com pista de dança, cozinha e toaletes.
Como espaço de lazer e entretenimento nas noites belo-horizontinas, a Casa do Baile logo tornou-se palco de atividades musicais e dançantes freqüentada pela sociedade mineira. Em 1946, o prédio foi fechado junto com o Cassino por causa da proibição do jogo, decretada pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra.
A partir daquela data, sob a administração da Prefeitura, o espaço abrigou vários usos e variados fins comerciais como salão de festas, bar, restaurantes, dentre outros. Nos anos 80 funcionou como anexo do Museu de Arte da Pampulha (MAP) e acabou novamente fechada em 1997. A história da Casa do Baile revela como a prefeitura foi negligente com a sua administração. Em grande parte de sua existência esteve em estado de ruínas e recebeu uso inadequado e incompatível com a sua importância como componente do patrimônio da arquitetura mundial. Como ela foi sucessivamente alugada ou arrendada à atividades comerciais, acabou sendo devolvida após o término dos contratos em estados precários de conservação, incluindo os jardins. Não registrou até a última reforma, uma única ação no sentido de restaurá-la criteriosamente. Todas as intervenções que sofreu foram aleatórias, prevalecendo a espontaneidade em sua recomposição.
Somente em 1998 que a Casa do Baile começou a ter seu novo futuro delineado, quando uma comissão consultiva – designada pela Secretaria Municipal de Cultura - iniciou a discussão de sua nova destinação. Houve uma consulta ao arquiteto Oscar Niemeyer, que indicou os arquitetos Álvaro Hardy e Mariza Machado Coelho, para executarem a reforma e restauração, que teve um custo total de R$ 1,8 milhão. Em 2002, ela foi reaberta após sua restauração. A reforma foi feita tendo como base o projeto original, sendo que uma das modificações foi a construção, no antigo salão, de um auditório para 53 pessoas. Contando com novos sistemas de climatização e iluminação, seus jardins também passaram por um processo de revitalização, obedecendo à intenção paisagística da proposta original de Burle Marx. Na ocasião da reinauguração, Oscar Niemeyer desenha dentro da casa o croqui do conjunto arquitetônico da Pampulha, estabelecendo uma relação entre o mesmo e a construção de Brasília. Desde então, a Casa do Baile funciona como Centro de referência de Urbanismo, Arquitetura e Design.


domingo, 21 de novembro de 2010

MAO - MUSEU DE ARTES E OFÍCIOS

 
No sábado dia 20/11 eu a Josi visitamos três lugares fundamentais do ponto de vista artístico, para o Centro de Belo Horizonte, nas três postagens que seguem falarei sobre eles.

O MAO, Museu de Artes e Ofícios, localizado na Estação Central de Belo Horizonte, na Praça Rui Barbosa ou como é mais conhecida Praça da Estação por estar em frente ao Prédio da Antiga Estação da Estrada de Ferro central do Brasil, que hoje abriga o Museu. O acervo foi criado a partir da coleção, de mais de duas mil peças originais dos séculos XVIII ao XX, doada pela colecionadora e empreendedora cultural Angela Gutierrez. Nele estão representados os mais variados ofícios do homem brasileiro, através de ferramentas, utensílios, máquinas e equipamentos. O museu conta também com equipamentos multimídia que fornecem dados específicos sobre os objetos e com o auxílio de imagens facilitam o entendimento e torna mais agradável a visita.


O projeto do museógrafo Pierre Catel integra os dois prédios principais, A e B, através de um túnel e transforma as áreas externas próximas às plataformas de embarque e desembarque do Metrô em galerias expositivas, criando uma surpreendente estação – museu.
A área total é de 9.000 m² e abrange espaço para exposições temporárias, jardim-museu, área de convivência, café e loja.


Iniciamos a visita pelos ofícios ambulantes, vimos os objetos que os ambulantes e mascates utilizavam, em sua maioria, escravos de ganho e negros alforriados. Conhecemos objetos de barbeiros que faziam desde cortes de cabelo, a aplicação de ventosas. Há roupas de mascates muito bem conservadas, além dos baus que guardavam os tecidos à venda.
É impressionante a diversidade de objetos, na parte destinada aos viajantes, do período de exploração dos garimpos, há armamentos, facas, roupas de viajem, mapas das cidades mineiras exploradas e até um jogo que nos permite viajar pelo interior mineiro, conhecendo o percurso de extração do ouro e das pedras preciosas.
Logo após, percorremos a galeria abaixo da estação do metrô e fomos ao prédio B, começamos por visitar os objetos de engenho, especificamente para a fabricação da cana-de-açúcar e da cachaça, o que me fez lembrar a infância no interior, onde havia muitas fazendas com moinhos de cana e milho muito parecidos com os expostos. Dali fomos ao jardim da energia, anexo da exposição na parte externa do museu de onde é possível ver a Rua Sapucaí logo no comecinho do bairro Floresta, o jardim é belíssimo possibilita integração com a estação e com a rua propriamente dita, fazendo assim uma fusão de passado e presente, onde as engenhosas rodas d'água e moinhos enormes, se contrastam com a bela estrutura, de forma ondulada nas cores branco e vermelho, feita para protegê-los do tempo. Não nessa ordem, revivi a produção da rapadura, velha conhecida da minha cidadezinha natal.



Em frente, o ofício do couro e consequentemente a produção de sapatos e chapéus, é relevante como o detalhamento dos moldes era caprichados, inúmeros modelos de pés e cabeças, em madeira, caracterizavam uma produção caprichosa e artesanal, que contrata com a produção de hoje, que em série, atende às urgências do mundo moderno pela mecanização e protótipos feitos na maioria por maquinas, que a meu ver despensa o dote artístico utilizado em cada uma das peças, no período colonial.
No ofício do comércio, fiquei encantada com a Botica (farmácia e manipulação) a grande prateleira de madeira com frascos antigos é para mim o objeto mais rico, no sentido histórico e bonito do museu. Ao lado, fica a venda, conhecida de todos, com as linguiças, queijos, ovos, fumos de rolo e as velhas xicrinhas e pratos de alumínio tingidos com aqueles pedacinhos já descascados na lateral e no fundo, que têm em toda casa de Vó que se prese.
Em suma, e não menos importantes, visitamos os oficios da madeira, da cerâmica, onde a produção de telhas era feita por unidade com grandes formas de barro, os ofícios da tecelagem e outros objetos de mineração.

    





Voltamos ao prédio A, para ver um pedacinho da exposição, que não havíamos visto, e nos deparamos com grandes canoas e carrancas, descobrimos que a produção das carrancas era destinada a ornamentação dos barcos, acreditava-se que os objetos protegiam os pescadores e viajantes dos monstros aquáticos e outros males. Eu, leiga na cultura de nosso país, acreditava que as carrancas tinham fundo de representação folclórica, teatral e até de ritual religioso. Muito, muito, bacana... as carrancas quem diria são para proteção. Sinceramente acredito que a fé nesse s amuletos de proteção é um patrimônio da nossa cultura e deve ser mantida e relembrada para que as futuras gerações os conheçam, ficar no museu é importante, mas que tal transcender as ruas de nossa cidade.