sábado, 4 de dezembro de 2010

Seminário: Paisagens periféricas

O Seminários Paisagens Periféricas realizado no bairro jardim Canadá, em Nova Lima, no dia 6 de novembro, contou com a participação de estudiosos, artistas e críticos. Promovido por Pedro Motta, Fernanda Regaldo e Roberto Andrés, o seminários abordou a geografia do bairro, discutindo aspectos da urbanização, espacialização e disposição das área construídas e área preservadas de vegetação no bairro.

O bairro é composto em sua maior parte por galpões, as casas existentes se camuflam em meio aos grandes galpões como se fossem parte deles. O bairro possui poucas área arborizadas e a terra vermelha, característica de uma região onde há atividade de mineração, dão à região um ar quase que árido. A urbanização não é pensada e a proposta de intervenção,que é gramar uma rua do local, traz uma reflexão e sentido muito mais amplo do que o suposto pela idéia. A intenção é discutir o processo de urbanização, pouco elaborado, crescente que deixa à margem os moradores do local e também de incentivar a própria população do bairro, para que eles mesmos começam um processo de “naturalização” da região, criando pomares, por exemplo, em suas casas, o que é pouco recorrente no presente. Os temas discutidos fogem um pouco do meu domínio, mas não precisa ser um doutor em urbanismo para perceber a disparidade entre a região e seus arredores, bem mais planejados, do ponto de vista ambiental.

Gostei da palestra de Laymert Garcia dos Santos, sociólogo, professor da UNICAMP e diretor da Fundação Bienal de São Paulo, e principalmente de alguns comentários. É interessante como ele comenta a democracia das escolas de samba, onde todos participam e criam juntos o espetáculo. Discordo quando alguns comentaram que isso só acontece pelo fato de eles não terem verbas consideráveis, discordo e muito pelo contrário, acho que o carnaval movimenta muito dinheiro, até mesmo nas comunidades que não participam tanto dos lucros finais, como os órgãos de turismo, comerciantes e a própria prefeitura. Além disso, muito de muito crescimento para mim, os assuntos relativos à Bienal de São Paulo e a inclusão dos pixadores e sua arte. Adoro essas artes “clandestinas” e acho muito interessante o fato de eles não se considerarem artistas e não desejarem o mesmo para seus trabalhos.

Por fim, vale mencionar o lindo trabalho da fotógrafa, da qual infelizmente não recordo o nome, tanto das paisagens e locais remotos, como das fotos de lembranças da população de alguns estados do país e até de outros países, desenhadas por retratistas policiais. É curioso ver como a percepção da imagem se altera quando acrescentamos nela traços de impressão tanto de perceptor como de ouvinte, que a partir de dados verdadeiros e fantasiosos cria sua própria idéia da paisagem, incluindo nela também, sua própria imaginação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário